No Lugar do Outro

 
        Quem é que quando pequeno nunca tomou um pito de sua mãe e ouviu: “Que coisa feia, não faça assim, você precisa se colocar no lugar do outro.”
Pois é, essa é uma lição que temos de saber de cor, pois se pusermos em prática essa simples atitude, veremos a vida sob outra perspectiva e, assim, não faltarão oportunidades para nos fazer avançar.
Às vezes, ocupamos uma função que pensamos não estar de acordo com a nossa capacidade ― “Eu não ganho para isso!” ― é o pensamento de muita gente e por se achar acima de sua função, não faz o seu melhor e, em consequência disso, não sai do lugar.
Pois é, é um círculo vicioso e a distração, além da soberba, acaba atrapalhando muito.
Dia desses estava acompanhando o desempenho de uma atendente de um quiosque de chocolates. Uma das clientes havia pedido umas cinco barrinhas de chocolate, uma caixa de bombons artesanais, coisa pequena, com dez unidades apenas e mais uma conserva, uma espécie de antepasto. O outro cliente, que parecia animado no início, acabou comprando o básico mesmo. A atendente parecia devagar, como se estivesse desanimada, mesmo estando com dois clientes ao mesmo tempo no quiosque. Além disso, reparei que ela em nenhum momento apresentou qualquer mercadoria que fosse para nenhum dos dois clientes que ali estavam. 
Alguma coisa parece errada nessa cena?
Bom, vamos por partes e, mais do que isso, vamos nos colocar no lugar do outro.
Quanto a atendente estar desanimada, compreensível, afinal essa sensação é geral, mas se pararmos um minuto para pensar que há pessoas que perderam seus empregos, seus negócios, suas rendas e ganharam muitas dívidas, a coisa muda completamente de figura, não é mesmo?
Quanto ao seu desempenho, ora, o que faz uma atendente, senão atender, cujo sentido vai muito além de olhar para a cara do cliente, dar um sorriso, muitas vezes amarelo, e dizer um bom dia, boa tarde, boa noite. Sim, isso não é atender como se deve.
Se for ao dicionário procurar o significado da palavra atender, verá que é o mesmo que acolher, ou seja, ter alguma coisa em consideração, em atenção. ― E o que seria essa coisa? O cliente, é claro! ― Verá também que pode significar receber alguém na própria casa, no seu convívio particular e veja que isso sugere uma certa intimidade, pois o objetivo aqui é fazer o cliente se sentir em casa, acolhido, bem recebido. Só assim o cliente pode se sentir o rei do castelo e coroá-lo pode surtir ótimos efeitos nas vendas. E não é isso o objetivo último de um atendente, ou seja, atender o cliente que está ali por quê? Para comprar! Então o atendente o recebe como se ele fosse a pessoa mais importante do mundo, até porque é mesmo, e satisfaz seu desejo. Como? Vendendo para ele! Vender, mais e mais é o objetivo último de todo atendente/vendedor da face da terra.
Agora eu pergunto, se essa atendente se colocasse no lugar do comprador, do cliente, será que ela agiria do modo como agiu? Será que no lugar do cliente ela não gostaria de ser apresentada a uma novidade gastronômica ou de ser tentada com uma guloseima qualquer?
Mas o nosso pequeno jogo de troca das cadeiras não acaba aqui!
Acho que todos concordam que um empresário, seja ele do tamanho que for, deseja obter o maior lucro possível, certo? Isso não é crime, é capitalismo. E, no fim, todos vendem alguma coisa e desejam obter o melhor rendimento possível, assim como o comerciante vende seu produto, o trabalhador vende seu tempo, sua mão de obra, como se fosse ele mesmo uma mercadoria. E o que faz com que alguém queira pagar muito por uma mercadoria? A sua qualidade!
Agora, quanto ao comerciante, será que ele tem consciência de tudo o que envolve o seu negócio? Será que ele não peca pela falta de comunicação e de esclarecimento quanto ao que esperar do seu funcionário? Será que se ele se colocasse no lugar do atendente, não faria a mesmíssima coisa pelo fato de não ter clareza da importância da sua função?
Vejam como é importante se colocar no lugar do outro, como tudo muda de figura quando tentamos ver as coisas sob um outro ponto de vista. Sem essa prática todos perdem!
Então eu o desafio a se colocar no lugar do outro, seja qual for a sua função, seja qual for o seu momento de vida, e ver como isso pode mudar sua vida.
Fica a dica, ponha-se no lugar do outro para ser feliz, porque felicidade é aqui e agora.

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